A atitude Mindfulness tem origem nas práticas meditativas orientais e, cada vez mais, é praticada em diferentes terapias, de forma a aliviar determinadas condições físicas e psicológicas, tais como comportamentos obsessivo-compulsivos, estados de ansiedade e depressão e dependência de substâncias.
Mindfulness pode ser definida como uma forma específica de atenção plena, isto é, estar concentrado no momento actual, de forma intencional e sem julgamentos (Kabat-Zinn, 1990). Primeiramente, a concentração no momento actual prende-se com o facto do indivíduo se concentrar apenas no presente, sem deixar que os pensamentos acerca do passado ou do futuro interfiram no seu estado atencional momentâneo. Deste modo, a atitude Mindfulness passa por ser um estado intencional por parte do indivíduo, pois a pessoa esforçar-se realmente por alcançar esse estado de atenção no momento actual. Relativamente à ausência de julgamentos, é importante ter em consideração a tendência que o indivíduo tem de se prender a julgamentos acerca de tudo o que o rodeia e acerca do seu próprio mundo interior, que acabam por levar a pessoa à desatenção e aliená-la do meio envolvente e de si própria.
Na minha opinião, a atitude Mindfulness é realmente benéfica para qualquer indivíduo e bastante importante no que respeita à forma como o indivíduo encara e vive a sua vida. É de notar que o ser humano tem uma tendência para viver a sua vida em modo “piloto automático”, o que sem dúvida o torna bastante eficiente e produtivo. No entanto, quando ligado o “piloto automático”, o indivíduo deixa de se envolver inteiramente no momento ou na actividade que está a desempenhar e é impedido de lidar de forma flexível com os acontecimentos do momento actual, o que o leva a experimentar estes acontecimentos de forma rígida e limitada. Assim, a atitude Mindfulness ajuda à centralização do indivíduo no momento e em si próprio, pois a ausência de julgamentos faz com que a pessoa experimente os seus pensamentos e sentimentos no momento presente sem serem julgados. Ou seja, os pensamentos, as sensações e os sentimentos são aceites e considerados legítimos, em contraste aos julgamentos que nos levam a racionalizações que nos tiram do momento actual e que fazem com que o ser humano evite determinadas experiências, que são tidas como desagradáveis, mas que no entanto são necessárias à sua realidade e vida. No fundo, Mindfulness procura reduzir as racionalizações para dar lugar às percepções de eventos que sucedem na vida do indivíduo na ausência de opiniões preconcebidas.
Deste modo, a atitude Mindfulness tem como base a conexão mente-corpo, o que ajuda a observar a forma como o indivíduo pensa e sente a sua própria vida e as suas experiências, sejam elas positivas ou negativas. Por outro lado, também auxilia na mudança da forma como se gere e rege as situações de stress, o que constitui uma ferramenta para a sanidade mental e também física. Para que esta conexão mente-corpo seja possível, o indivíduo deve ter atitude de curiosidade perante as suas experiências, de aceitação dos acontecimentos, de bondade para com o próximo, de“deixar ir” (isto é, aceitar a circunstância, integrá-la e seguir em frente com a sua vida), de não julgar, de não resistir à mudança, de paciência, de confiar e de mente de principiante, ou seja, experimentar com a mente aberta, o que aumenta as possibilidades de percepção, sentimentos e pensamentos. Todas estas atitudes, em conjunto, ajudam no desenvolvimento da capacidade de estar plenamente atento, o que permite viver a vida de forma mais consciente.
Esta atitude Mindfulness pode ser desenvolvida através da Meditação Mindfulness, em que a base da prática é focar a atenção na respiração. Isto é, estar conscientemente atento à respiração. Não é necessário alterar o seu ritmo ou intensidade, mas sim observá-la e senti-la tal e qual como ela acontece. É natural que quando se inicia esta prática, existe uma percepção, por parte do indivíduo, de que os seus pensamentos se atropelam constantemente e que quanto mais se pensa em não pensar em nada, pensa-se em tudo ao mesmo tempo. Neste caso, o indivíduo não deve evitar ou sentir-se frustrado por toda esta elasticidade mental, mas sim aceitá-la, e cada vez que a sua mente dispersar e surgir um pensamento, ele deve observá-lo, aceitá-lo e voltar a focar a sua atenção na respiração. Com o tempo, esta intensidade de pensamentos irá reduzir e será mais natural o foco somente na respiração. A durabilidade de cada meditação varia de acordo com a vontade do indivíduo. No fundo, o que interessa realmente é praticar e integrar a experiência.
Em suma, a essência do Mindfulness prende-se com o facto do indivíduo conseguir desacelerar, parar e contemplar o meio que o rodeia e todos os acontecimentos que sucedem à sua volta e nele próprio. “A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça, ou nos acontece, ou nos chegue, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, aceitar, suspender a vontade, tempo e espaço”.
FONTE:http://acontemplacaodaarvore.blogspot.com.br/2015/06/mindfulness.html